O desaparecimento do veleiro Sufoco
A mobilização da sociedade civil para o resgate

Por Cap Herman Junior

O veleiro Sufoco do comandante Edson Gloeden de 66 anos, conhecido pelos amigos como Alemão, está desaparecido desde o último domingo 15 de janeiro

O que pode ter acontecido com o veleiro Sufoco e a mobilização da sociedade civil em torno desse triste acontecimento.

Desde o último domingo, esposa e amigos do navegador Edson Gloeden lutam contra o tempo para tentar localizar o velejador e sua embarcação. Alemão, como chamado pelos amigos é um velejador experiente e muito responsável com a segurança de sua embarcação.
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Detalhes do desaparecimento

Alemão partiu de Santos, no litoral de são Paulo, com seu veleiro, um Brasília 32, da sede náutica do Clube Internacional de Regatas exatamente às14h29 do domingo 15/01/23, conforme registro das câmeras de segurança do local, com a intenção de testar o piloto automático segundo informação de amigos. Foi visto na saída do canal de Santos no motor e com as velas baixadas e após isso próximo a Ilha das Palmas rumo mar aberto.

Certamente, se o velejador tinha a intenção de testar o piloto automático, buscaria uma área com menor tráfego de embarcações, pois o dia estava quente e muitos barcos e motos aquáticas trafegavam pela região. Em conversa com amigos acreditamos que ele provavelmente escolheu um rumo entre 160 a 180 graus sentido mar aberto. O barco, também segundo informações, tinha o tanque de combustível cheio e isso daria a Edson uma autonomia entre 25 a 30 horas de navegação. Se Alemão teve algum mal súbito e ficou inconsciente, o barco seria levado pelo comando estabelecido no piloto automático para esse rumo e numa velocidade aproximada de 4 kts (4 nós), ou seja, 4 milhas náuticas por hora e ele poderia estar entre 100 a 120 milhas da costa até que ficasse totalmente sem combustível e começasse a derivar.

Não se sabe o que levaria o veleiro a essa condição, mas como o velejador não tentou nenhum contato via rádio, uma teoria possível e hoje cada vez mais provável, haja vista que nada nem ninguém foi encontrado, é que Edson Gloeden possa ter sido acometido de um mal súbito e sua embarcação tenha seguido o rumo programado pelo velejador. Esse rumo somente poderia ser alterado pela mediação de Edson.

Possível deriva

No oceano atlântico temos uma famosa corrente oceânica que damos o nome de Corrente Sul- Equatorial. Essa corrente atravessa o Atlântico e ao chegar ao Brasil se divide criando uma corrente mais ao norte do país e a Corrente do Brasil que desce sentido sul até a costa do Uruguai. Na primavera e verão a velocidade dessa corrente pode atingir 1,4 kts aproximadamente 2,6 km/h sentido sul/sudoeste. Esses dados estão disponíveis nas Cartas Piloto que são publicadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil. Tal documento nos permite entender o comportamento das correntes ao longo de anos num dado local e estudamos essas correntes para incrementar nossa teoria da deriva para a região sul do país. Em anexo coloco uma imagem da Carta Piloto referente ao mês de janeiro.

Acreditamos que se o veleiro, mesmo após tantos esforços, não foi encontrado próximo à costa, possa ter seguido o rumo sul. Após o combustível acabar se iniciaria um processo de deriva para sul/sudoeste. O Sufoco era equipado com painel solar e é também possível que o leme, enquanto houver energia à bordo, continue tentando manter esse possível rumo 180 graus, mesmo sem propulsão isso poderia frear e reduzir a velocidade da derivação causada pela corrente oceânica. Com essa matemática entre física e números podemos concluir que uma rota para o sul do país até Uruguai seria algo possível.

‍Mobilização da sociedade civil

Na manhã da segunda dia 16, recebemos nos Grupos Mayday, um comunicado de amigos sobre o fato de que Alemão não havia retornado para casa. Após checarmos a veracidade da ocorrência, contatamos a Marinha do Brasil e o Patrulhamento Marítimo Ambiental da Polícia Militar. Na sequência, publicamos em nossos Grupos Mayday de SOS (pedidos de socorro marítimo).

Em poucos minutos tivemos a oferta de um avião monomotor que se dispôs a sobrevoar a área sem custo, apenas pelo subsídio do combustível. O Piloto tratou com a família e em menos de duas horas já sobrevoava a região do Litoral Norte entre Santos até próximo à Ilha de Alcatrazes. Um fato muito interessante que celebra essa grande parceria entre sociedade civil e instituições militares e essa grande parceria dessas instituições com os Grupos Mayday, foi que o piloto pediu um rádio HT e se dispôs a levar alguém e de imediato o Capitão Fernando Burgos, do Patrulhamento Marítimo da PM, designou um membro da corporação para acompanhar esse voo e levar dois rádios HT marítimos que seriam usados para tentar contatar a embarcação desaparecida. Um momento de dar as mãos e trabalhar em conjunto. Na terça feira tivemos mais dois outros pilotos que se ofereceram na mesma empreitada e no mesmo dia tivemos então três aviões civis cobrindo dessa vez a região mais ao sul de Santos até Queimada Grande e diversas embarcações trabalhando para tentar encontrar o velejador.
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O GBMar, a Marinha do Brasil iniciaram uma operação neste mesmo dia e a Polícia Militar navegou sentido Laje de Santos e depois Ilha da Queimada Grande mas todos sem sucesso.

Nesta quarta feira uma operação da Força Aérea Brasileira entrou em cena. Os aviões civis não possuem autonomia para voar longe da costa, mas a FAB possui aviões com alta tecnologia de radar e também podem sobrevoar uma área muito maior.

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Quem tiver informações que possam levem ao resgate do velejador pode contatar o Centro de Emergências Marítimas pelo número 185 e notificar os administradores dos Grupos Mayday que darão encaminhamento das informações às autoridades.

Conclusão
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Até o momento nenhuma operação teve sucesso. As buscas continuarão e informaremos novidades a todos através dos Grupos Mayday diariamente até o desfecho dessa triste ocorrência.

Alemão e seu veleiro Sufoco continuam desaparecidos, intrigando amigos, familiares e toda a comunidade náutica da Baixada Santista e também do Brasil.

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