Marés - O sobe e desce dos mares

MARÉS - O SOBE E DESCE DOS MARES
MARÉ ASTRONÔMICA E METEOROLÓGICA

Por Cap Herman Junior

Muito se fala sobre marés, principalmente para os que dependem delas para entrar ou sair de suas marinas, passar por barras, pontes, etc.

Mas o que muitos não se atentam, é para o fato de que as marés também são influenciadas por questões meteorológicas.

Vamos iniciar entendendo o conceito de maré. Marés são alterações diárias no nível da água do mar, resultado de uma combinação de efeitos, a rotação da terra e a influência gravitacional do Sol e da Lua sobre o mar. O sol exerce uma força de atração menor por estar mais distante. Como a terra gira, essa atração provoca subidas e descidas periódicas no nível da água devido ao alinhamento das forças gravitacionais.
De acordo com a lei de gravitação universal de Isaac Newton, a força de atração entre os astros é proporcional à massa do astro e inversamente

proporcional ao quadrado da distância que os separa.

Fg = G m1.m2
         d2

Maré Astronômica

Como tanto o movimento de rotação da terra e o alinhamento entre a terra e os astros são totalmente previsíveis, esses dados são confirmados por equipamentos como marégrafos e informados na Tábua de Marés e a isso damos o nome de Maré Astronômica, por estarmos levando em consideração a força gravitacional dos astros sobre a Terra apenas.

Chamamos de preamar (maré alta) quando a água do mar atinge sua maior altura dentro do ciclo das marés e de baixa-mar (maré baixa) quando atinge o nível mais baixo. Quando a Lua ou o Sol atraem a água do mar, provocam uma elevação tanto no local de aproximação quanto no lado aposto do planeta, sendo assim nas áreas intermediárias temos as marés baixas. Por esse motivo também, normalmente temos duas marés altas e duas baixas por dia.
Chamamos de maré enchente e maré vazante quando, respectivamente o nível das águas aumentam ou diminuem.  

Nas fases de lua cheia e lua nova, o Sol e a Lua se alinham e as forças que exercem se somam, neste caso temos as maiores marés e também as mais baixas e as chamamos de Maré de Sizígia.  Sizígia é um termo, do Grego, utilizado na astronomia que se refere ao alinhamento entre três corpos celestes em um mesmo sistema gravitacional.
Durante as fases de quarto crescente e quarto minguante, ao contrário do que acontece no alinhamento do Sol e da Lua com a Terra, essas forças se contrapõe e os efeitos são parcialmente anulados, pois os astros exercem atração em pontos diferentes do planeta. Chamamos essas marés de Marés de Quadratura.

A diferença entre os termos altura da maré e elevação da maré é que a altura se refere ao nível da água num dado momento à partir do Zero Hidrográfico. Já a elevação se refere ao nível da água a partir do nível médio do mar.
Zero Hidrográfico é o nível de referência a partir da qual se define a altura da maré. Esse nível varia por local e é definido pelo nível da mais baixa das baixas marés registradas.

Amplitude de maré é a variação vertical do nível das águas num dado local, entre a preamar e a baixa-mar. É a distância entre a maré alta e a maré baixa.

Maré Meteorológica

Vamos entender agora o conceito de Maré Meteorológica. Por definição a maré meteorológica é a diferença entre a maré astronômica, ou seja, a maré da tábua de marés e a maré observada num dado momento. Muitas vezes essa observação nos revela uma considerável diferença tanto para cima como para abaixo dos níveis previstos. É aí que entram os fenômenos meteorológicos que podem trazer consideráveis alterações na maré como as famosas ressacas onde o mar avança e causa, em muitos casos, diversos prejuízos nas regiões costeiras.

Essas diferenças podem ser causadas por alguns fatores como o vento e as condições climáticas.

Neste caso é importante analisar três fatores inicialmente. A direção, a intensidade e a duração do vento.

Ao soprar paralelo à costa, o vento no hemisfério sul gera uma força para a esquerda da direção do mesmo. Isso ocorre devido a Força de Coriolis, que é a força gerada devido ao movimento de rotação da Terra. Portanto um vento subindo a nossa costa no Brasil, empurraria um grande volume de água para a esquerda, ou seja, para a costa. Essa é a maré meteorológica positiva. Elevação do nível do mar acima do previsto na tábua de marés. Quando o vento desce nossa costa, gera a mesma força para a esquerda do movimento do vento, mas agora empurra o volume da água para alto mar. Nessa caso temos a maré meteorológica negativa. Nível da maré abaixo do nível da tábua de marés.

O Transporte de Ekman

Esse fenômeno foi estudado pelo sueco Vagn Walfrid Ekman, um importante oceanógrafo, nascido no século 19 e no início do século 20, exatamente em 1905, publicou um dos mais importantes estudos da oceanografia mundial sobre a influência da rotação da terra sobre as correntes do oceano. Nasceu aí sua teoria que foi chamada de Espiral de Ekman e a esse fenômeno do transporte do volume da água foi dado o nome de Transporte de Ekman.
Tais fenômenos são os grandes causadores das elevações da marés, das ressacas e muitas vezes, somados à maré de sizígia chegam a atingir níveis tão altos que invadem ruas causando diversos prejuízos em terra e trazendo vários riscos à navegação.

Em 2017 tivemos no Brasil um período de marés negativas, muito baixas, causadas por um anticiclone que ficou por vários dias próximo à costa e pudemos observar esse fenômeno de forma muito clara e muitos estudos empíricos foram realizados. Em algumas regiões como na cidade de Santos no litoral de São Paulo, um navio do século 19, naufragado próximo ao canal 5, foi revelado e muitos estudos sobre essa embarcação foram divulgados pelo país.

Os astros, o movimento da terra e as condições meteorológicas nos ensinam e nos revelam fatos que vêm cada vez mais ajudando o ser humano a se adaptar a esses fenômenos, muitas vezes assustadores, mas que mostram a força, a imponência e os mistérios dos oceanos.

Capitão Herman Junior

Cap Herman Junior é um empresário na área da educação, dono da escola de línguas ViaEnglish.com e do seu amor pelo mar e pelo ser humano, entre outros projetos voluntários, criou os Grupos Mayday e o portal bilíngue iNavigate. Hoje palestrante e colunista náutico, atua na área de segurança na Câmara Temática de Navegação e Segurança do Fórum Náutico Paulista, câmara que também coordenou entre 2018 a 2019.

Herman é especialista da Revista Náutica em Meteorologia Marítima e se dedica a ensinar desde 2015, gratuitamente através dos Grupos Mayday, principalmente Meteorologia para aumentar a segurança dos navegadores. Os Grupos Mayday foram seu primeiro projeto no meio náutico inspirado em uma terrível fatalidade com a embarcação Anjo Gabriel que custou a vida de seus sete integrantes. Herman buscava aí criar, fazendo uso do fluxo da comunicação das redes de bate papo, um mecanismo para facilitar o eco de pedidos de socorro de nossos irmãos no mar.

Funcionou, e de um grupo de WhatsApp surgiram 36 grupos lotados onde a segurança e a entrega de conteúdo gratuito foi conquistando o país dia após dia. No canal iNavigate Herman colocava seus ensinamentos, dicas e o projeto foi crescendo e dando suporte aos Grupos que foram agraciados com administradores extremamente competentes que se uniram ao projeto e ao Capitão Herman para gerir algo que já ganhava vida própria e não mais possuía fronteiras no Brasil.

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